Os olhos revelam
A paixão, o amor
O Amor revela
O eterno desejo
De fundir os dois
Em um.
Escrever sobre os acontecimentos da vida que podem ser destacados como momentos doces ou sem sabor. Vamos em frente...
PRINCÍPIOS
Penso acreditar em coisas que
Muitas pessoas não creem
Penso enxergar coisas que
Muitas pessoas não enxergam
Penso fazer coisas que
Muitas pessoas não fazem
Penso dizer coisas que
Muitas pessoas não dizem
Penso escrever coisas que
Muitas pessoas não escrevem
Por isso me chamam crente,
Visionário, certinho, enxerido
Metido a besta, se é que você
me permite, se ainda estiver lendo.
Mas o que quero dizer é
Que por acreditar em coisas
que muitos não creem,
Creio em Deus e mantenho a fé
Por ver coisas que muitos não veem
Enxergo além da dor e mantenho a esperança
Por fazer coisas que muitos não fazem
Tomo a atitude e mantenho a perseverança
Por dizer coisas que muitos não dizem
Digo o que penso e mantenho os princípios
Por escrever coisas que muitos não escrevem
Tento provocar uma mudança de atitude
E realizar tudo isso
Me satisfaz e mantém a vida.
O título é dedicado ao meu amigo Boaz Ben Av.
Quando eu ataco, busco
Principalmente crianças para o luto.
E só há um algo que possa me combater:
É o desenvolvimento social.
Mas enquanto o mundo enxerga mal
Sou alimentada e destruo
Famílias numa tacada
Não importa se no Sertão
Nas Favelas ou em África
Deixo-os em pele e osso
E nem a cachorrada da TV Colosso
É capaz de fazer rir
Quem vasculha na lata de lixo
Bebe água de poço
E se esvai aos poucos
Minguando enquanto loucos
Insanos lhes tiram o direito
De se ter o alimento
Quando roubam o que não é seu
Para preencher seus cofres
E comprar peças de museus
Para enfeitar seus egos
E mostrar aos olhos de todos
Os cegos que não enxergam
Quem sou Eu.
...olho e contemplo muitas coisas em questão de segundos. Centenas de carros que quase parados se amontoam na Marginal Pinheiros. São mais de 19h30 e ouço o som de um samba na voz de Johny Alf, um dos precursores da Bossa Nova no Brasil, em uma homenagem a ele um dia após a sua morte.
As impressões são estranhas porque muitas vezes não pensamos nelas. Então mudo o foco da minha visão e me concentro na vidraça e vejo nela o reflexo de um homem com uma camisa vermelha com listras finas e brancas na horizontal, calça jeans e uma mochila nas costas. Seu olhar de cansaço fica ainda mais aparente por causa da barba por fazer. Penso comigo se ele é feliz, se está cansado, voltando do trabalho ou indo à escola ou faculdade. Ele olha para a mesma direção que eu e até parece me encarar, então mudo o foco novamente da minha visão e vejo que estamos em um ritmo bastante acelerado enquanto tudo está parado lá fora. Aos poucos nós paramos também.
Passados uns minutos começamos a nos movimentar novamente e começo a pensar nas sensações e sinto o frio do metal em que estou segurando, o som que ouço me é agradável porque escolhi o que ouvir, e não é som de buzinas ou freadas, muito menos, o som das conversas paralelas das pessoas à minha volta, o som que ouço é da música “Corcovado” na versão de Johny Alf quando ele se apresentou na casa de shows Bourbon Street.
A sensação do som, do tato e da visão e também do mal cheiro que sinto do Rio Pinheiros levaram-me a escrever estas linhas porque cada uma delas me fazem pensar em coisas diferentes. Por exemplo, volto o olhar várias vezes para a vidraça e faço uma comparação àquilo que vemos todos os dias e pensamos nelas por alguns minutos, então é só mudar o foco e o pensamento muda, as direções mudam e até os objetivos mudam. Somos assim, porque toda vez que olhava para aquele homem voltava a pensar o porquê daquela “cara” de infeliz ou cansado. Quando voltava meu olhar para a parte exterior do meu ambiente, meu pensamento via o caos e ao mesmo tempo fazia a correlação dos ritmos interiores, que em mim surtiam algum efeito por causa da música que tocava, com o ritmo exterior do mundo. Parecia que somente a música e o ambiente em que eu estava possuíam um andamento rítmico constante.
Interessante as sensações provocadas em nós quando passamos a reparar nelas e ocupar nosso pensamento com elas. Talvez não passe daqui neste comentário porque foram apenas quinze minutos que passei a pensar nisto enquanto estava a caminho da faculdade em um trem que me deixaria logo em seguida na estação Hebraica – Rebouças, próxima a Pinheiros.
O PERSEGUIDO
Eu não estava presente na aula
Foi um amigo quem me contou
A história que se passa
É mais ou menos assim:
Inicio de semestre
Matrículas trocadas pelo Jupiter Web
Entro na sala e vejo um professor desconhecido
Não era esse que eu queria meu Jupiter querido
Mas temos que encarar e de cara o professor bate na mesa e diz:
Em Literatura Portuguesa quem não ler tais autores não tem o que fazer aqui.
Tentei me esconder na primeira fileira
Mas o seu olhar me causou uma tremedeira
E a cada dia seu olhar me perseguia
Até mudei de carteira, fui para o fundo da sala
Mas parece que nada adiantava
Seu olhar me perseguia até no trabalho
Na mesa com os amigos, no jogo de baralho,
Sempre havia alguém que me olhava igual
Parecia uma neurose animal
Mas sabia que estava sendo perseguido
Não dormia mais, pensando na nota final
Não era um aluno brilhante
mas havia passado com cinco as outras quatro
então no dia da prova me deu um branco
não sabia se falava de Camilo ou de Castelo Branco
então chegou o dia de saber a nota
não imaginei qual seria a minha reação
tirei três, nota suficiente para a recuperação
mas eu havia lido tudo
e sabia que o professor me observava muito
falava pouco, escrevia até as vírgulas
para não dar motivo para dúvidas
mas aquele olhar até no dia da prova
foi o suficiente para subtrair minha nota
então na aula seguinte de revisão
para a prova de recuperação
não aguentei e dirigi-me a ele
diante de todos os alunos
indignado disse: “Isso é um absurdo!”
todos se assustaram com o aluno mudo
que de repente falava sem deixar o professor lhe roubar o turno
e quando finalmente disse que havia sido perseguido
todo o semestre desde a matrícula no Jupiter Web
O professor olhou-me com um olhar discreto e perguntou:
Filho, quem é você?
E’mud’esci até o profundo de mim...
SEMEANDO NO TEMPO
O tempo é uma das coisas mais preciosas que temos. E como diria o poeta “a vida é como o vento que passa pelo tempo”. Sendo assim, temos que aproveitá-la ao máximo. Mas como fazê-lo? A maioria das pessoas acredita que a melhor maneira de se aproveitar a vida é curtir as baladas, as festas e ficar de porre de tal forma que não se lembre do que ocorreu no dia anterior. Tal como descreve o filme “Se beber não case” em que os três amigos acordam e não se lembram do que ocorreu no dia anterior em Las Vegas e nem sabem onde está o noivo. Será mesmo essa a melhor forma de se aproveitar a vida?
Muitas vezes ouvimos ou lemos coisas, mas não damos a mínima importância a elas. Não importa quem o diga ou o tenha escrito, deve-se sempre analisar tudo e guardar o que é bom para nós. É como carregar duas sacolas, uma furada para colocar as coisas ruins e outra boa que carregamos com o que é bom para toda a vida. Mas às vezes invertemos os valores e guardamos o que é ruim na sacola boa e descartamos na furada o que é bom acarretando sobre nós as consequências desta escolha. O que estou compartilhando nestas linhas é apenas um pouco do que aprendi nesta vida e procuro levar comigo no dia-a-dia. Dessa forma, a nossa escolha é determinante para o nosso futuro.
Não há como falar de escolha, sem falar de semeadura. Um velho sábio ensinou ao seu filho o valor dessa palavra. Quando li esta história, logo percebi a importância dela para a minha vida. Na história estavam pai e filho na beira da estrada chupando laranjas. Quando terminaram o pai plantou na beira da estrada as sementes e o filho perguntou o por que daquilo se ele nem sabia se retornaria àquele lugar novamente. Então o velho pai serenamente lhe respondeu que na vida devemos plantar boas semente, ainda que não venhamos estar lá para a colheita. Naquele momento o filho não entendeu muita coisa porque não havia nele maturidade suficiente para entender mas guardou consigo aquelas palavras e hoje elas são muito importantes em sua vida.
Pensando nesta história recordei-me de uma outra que li e diz sobre os questionamentos da sociedade moderna. Questiona-se muito sobre que “mundo” estamos deixando para os nossos filhos, enquanto o escritor o inverte e questiona que “filhos” estamos deixando para o nosso mundo. Na primeira questão o pensamento é individual, egocêntrico, enquanto na segunda o pensamento nos leva para o coletivo porque relaciona-se com a questão de semear. Os filhos são uma semente que deixamos no mundo. Portanto se semearmos bem teremos um mundo melhor porque é o mundo que depende das pessoas e não as pessoas do mundo. Dessa forma, temos que pensar que para semearmos dependemos exclusivamente do tempo.
Assim retornamos para um dos questionamentos do primeiro parágrafo: “como devemos aproveitar a vida?” Sendo ela como a flor que dá na primavera e no outono já não está lá, o que devemos fazer com o pouco de tempo que temos? Porque se pensarmos somente em nós e não fizermos nada que seja frutífero, que filhos o nosso mundo terá, como será a nossa sociedade? Teremos realmente aproveitado bem a vida? Bom, estas são respostas que não tenho, então deixo-as para vocês responderem quando refletirem sobre que tipo de sementes tem plantado ainda que não fiquem para a colheita.
Eu sou o eu que vem de fora
Que não se conforma
Com as coisas que se veem.
Grito para o mundo ouvir
Tudo o que penso
Não ligo para o “bom-senso”
Daqueles que não o querem
E assim escrevo de uma forma diferente
Pondo às “caras” o aparente
Reflexo de espelho
Miro onde vejo
Para que você veja
Com muita clareza
Resolvi escrever sobre este assunto que muito me interessa. Então para despertar também o seu interesse, caro leitor, dialogo contigo nestas linhas aquilo em que tenho um pouco de experiência. Sei que ainda me falta muito a superar, mas vou começar porque realmente percebi que na vida “é tudo ou nada”...
Há momentos em que é preciso mudar. Porém é necessário decidir lutar. Daí surgem as negativas. Sejam as dificuldades para se alcançar os objetivos, ou mesmo pessoas que com palavras tentam nos desanimar para nos impedir de continuar. Estas são como ondas contrárias num bravio mar que nos impelem contra o outro lado, lá onde a vitória está.
No entanto, é preciso remar, e ainda que pareça um recuo, às vezes é preciso encontrar uma nova rota para alcançar o objetivo. Esse passa a ser o momento da “Superação”. Palavra derivada de “superar” que segundo os dicionários significa: vencer, ultrapassar, passar além, etecetera. Tendo em mente estes significados, prefiro brincar com essa palavra e desmembrá-la, tornando-a duas: super e ação.
Passo então, sem necessidade para este novo parágrafo porque quero me estender um pouco nesta análise. Fique claro que isto não é uma teoria científica e nada aqui é comprovado, senão a minha experiência neste assunto. Então, retomando a palavra “super” que em nossa língua está presente como prefixo em várias palavras dando a elas um significado de: extra, além de; o que para nós tem um significado fundamental. Super é algo que está além de nossas forças e super ação, é agir com tudo o que temos, ou como outros diriam “além do que podemos”. Este “além do que podemos” é, nada mais, segundo ouvi certa vez e com a qual concordo, “os cinqüenta por cento de reserva que temos quando dizemos que não suportamos mais qualquer situação. É neste momento em que temos de crescer e descobrir a força real que há em nós. É como um maratonista que dá tudo de si para conquistar e linha de chegada, seja ele o primeiro, ou o último. Porque cada um de nós tem um ritmo, o que não é aceitável é ficarmos parados esperando a linha chegar até nós.
Se descobrirmos a força real que temos não há nada que seja capaz de parar-nos. Porque sem titubear enfrentamos os ventos, as ondas, escalamos montanhas, e quando surgem as palavras negativas elas servem como uma alavanca que nos ajuda a acreditar com mais convicção que somos capazes. Porque se analisarmos, somente há oposição quando queremos conquistar o que é bom, quanto ao que é mau, ruim, é como descer ladeira abaixo.
Por esta razão é que quando alcançamos o desejado, o nosso sentimento é inenarrável porque superamos os problemas junto com as opiniões adjacentes e deixamos boquiabertos os que não crêem nem mesmo em si. Poderia complementar este escrito com vários outros exemplos, mas para finalizar deixo-vos este pequeno poema:
Quem persiste em busca de algo
Alcança a vitória.
Quem desiste no meio da luta
Aceita a derrota.
Perverso sentimento que mata
Que apodrece a alma
De quem o possui.
Não se contenta com nada
E o sorriso dos outros estraga
Seu dia de luz.
Com seu olhar gordo
Deseja o que é dos outros
Mas nada tem.
E a língua afiada
Destrói, denigre, degrada
Qualquer alguém.
Apunhala com um sorriso
Ao que pensa: somos amigos
E nem a esse tem.
E como a traça
Nada lhe traz proveito
Porque corrói
O que não lhe é de direito.
Por isso...
...quando estiver só
Lhe restará apenas...
ADÁGIO
Por que prezar os defeitos
E não as qualidades?
Aproveita um ensejo
E anule-os com benignidade.
Pois quem as virtudes atina
Quase nunca sofre.
Contudo quem vê defeitos na vida
Torna-se aflito e morre.
Todavia capacita-te com a bondade,
Admira no próximo, qualidades
E cultivarás o amor.
Porém tu oh! Néscio que só vê defeitos,
Tornar-te-ás um malfazejo
E colherás a dor.
ESSÊNCIA DO SER
Estou com sede.
Bebo uma água de côco.
Deito-me na rede
e durmo um pouco.
Daí, tenho um pesadelo
em que não havia
mais água de côco.
Desesperado!!!
Grito feito louco:
“Onde estão as águas perto do estaleiro?”
Tudo era deserto,
não havia um regato
Tudo era incerto,
onde estavam os riachos?
Não queria águas limpas,
[apenas sujas]
Muito menos cristalinas,
[as queria turvas]
E o que queria mais
era matar minha sede
Nestes minutos
que pareciam meses.
Comecei a lembrar-me do macaréu
que no Amazonas traz consigo a pororoca.
E das águas que refletiam o céu
nos mares onde viviam as focas.
Começava a implorar
pelas águas do Mar Morto
Tiraria destas o sal
e as beberia um pouco
Lembrei-me do Tietê
que mesmo poluído,
o teria coragem de beber
embora fosse um corrompido fluido.
Minha vida se esvaia
e todos os sentidos eu perdia,
entretanto como morreria???
Decerto pensando...
Nos extraordinários desperdícios
que para os homens já se tornou um vicio
Ou nos homens que matam seus filhos
apenas para jogar seus poluentes nos rios
Certamente não morreríamos
num deserto sem águas
e, sim, de águas impotáveis
E com nuvens de chuvas ácidas.
Enfim, morreríamos num deserto molhado
onde sonho acordado
e tenho um pesadelo
[dos meus dias contados...]
Aqui jaz...
...a destra que não escreveu
Nenhures suas eruditas palavras
Todavia o mundo conheceu
Sua vida e longa jornada
Seus preceitos converteram o mundo
E todos os que os ouvem
São transfigurados num segundo
“Que descanse em paz”.
................................................................
Não obstante...
... a este epitáfio cancelou
Quando na cruz
Foi afligido sob a luz
(do Sol)
Pelos inumeráveis pecados
E após tudo haver consumado
Ao crepúsculo foi embalsamado
E sob nênias inumado
Porém, ao terceiro dia:
“Ressuscitou!!!”.
Há cem anos tenho fome
Paro. Penso... sinto o vento
Que leva minha terra[,] seca
Onde só há lamento.[.]
Crianças me pisam
Descalças, desamparadas
Às portas[.] de suas casinhas de taipa.
Seus olhares[?] refletem
O desprezo, a desolação
A esperança[?] para elas
Talvez seja[!] a única solução
Porém, até quando?
Se cá, no Brasil
Eles só falam em reforma agrária,
Distribuição de terras.[,]
E depois que o mandato acaba
Tudo não passa de mais promessas.[.]
Sendo assim...
...a vida neste chão nordestino
Continua fria, dura, sem sorrisos[.]
E, se a morte pegá-los dormindo
Ninguém se importa, “é o destino”.[.]
Contudo como se livrarão?
Da desnutrição[,] infantil
Da sede[,] de cultura
E da fome[?] de letras?
Até porque, como se pode[?]
Aprender tendo fome, e
Vencer sem ter nome?
A estes, o que resta de lindo
É o céu[,]
E a esperança de que gerações futuras
Não sejam deixadas ao léu[.]
Quando este dia chegar
Aqui estarei
Para contar[?] sobre um mundo mais justo[,]
Onde não mais haverá
Por meio da fome[,]
Aos sertanejos, “o luto”. [?]
PS. É necessário realizar duas leituras desse poema. Na primeira, uma leitura completa com as pontuações originais. Na segunda, uma leitura apenas com as palavras sublinhadas e as pontuações entre colchetes. Tenha uma boa leitura...