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terça-feira, 30 de novembro de 2010


Os olhos revelam

A paixão, o amor

O Amor revela

O eterno desejo

De fundir os dois

Em um.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Os olhos são o
espelho da alma que
refletem a calma ou
a turbulência do coração



segunda-feira, 25 de outubro de 2010

RELATOS (PARTE III)


Eu vejo além dos fatos

Presencio os marcos

No início quando os filhos

Ouvem: – Seu bandido!

Vagabundo!

e são jogados no mundo

Que lhes apresenta as drogas

O vício que amputa os craques

Quando o crack os seduz.

Relatos de um beco decepcionado.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

RELATOS (PARTE II)

Vidas caídas se exilam do mundo
Em mundos que exalam o odor acre
Da dor podre de uma pobre mulher
que amarga por não saber
donde vem as marcas da sua
Desgraça.
Relatos de um beco triste.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

RELATOS (PARTE I)

Ouço tudo, vejo tudo, sei de tudo, não me engano.

Sinto o cheiro do tráfico que passa por mim.

Sinto o medo certeiro que não tem fim

Desde que estou aqui é assim.

Relatos de um beco esquecido.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

PRINCÍPIOS

Penso acreditar em coisas que

Muitas pessoas não creem

Penso enxergar coisas que

Muitas pessoas não enxergam

Penso fazer coisas que

Muitas pessoas não fazem

Penso dizer coisas que

Muitas pessoas não dizem

Penso escrever coisas que

Muitas pessoas não escrevem

Por isso me chamam crente,

Visionário, certinho, enxerido

Metido a besta, se é que você

me permite, se ainda estiver lendo.

Mas o que quero dizer é

Que por acreditar em coisas

que muitos não creem,

Creio em Deus e mantenho a fé

Por ver coisas que muitos não veem

Enxergo além da dor e mantenho a esperança

Por fazer coisas que muitos não fazem

Tomo a atitude e mantenho a perseverança

Por dizer coisas que muitos não dizem

Digo o que penso e mantenho os princípios

Por escrever coisas que muitos não escrevem

Tento provocar uma mudança de atitude

E realizar tudo isso

Me satisfaz e mantém a vida.

O título é dedicado ao meu amigo Boaz Ben Av.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010


Quando eu ataco, busco

Principalmente crianças para o luto.

E só há um algo que possa me combater:

É o desenvolvimento social.

Mas enquanto o mundo enxerga mal

Sou alimentada e destruo

Famílias numa tacada

Não importa se no Sertão

Nas Favelas ou em África

Deixo-os em pele e osso

E nem a cachorrada da TV Colosso

É capaz de fazer rir

Quem vasculha na lata de lixo

Bebe água de poço

E se esvai aos poucos

Minguando enquanto loucos

Insanos lhes tiram o direito

De se ter o alimento

Quando roubam o que não é seu

Para preencher seus cofres

E comprar peças de museus

Para enfeitar seus egos

E mostrar aos olhos de todos

Os cegos que não enxergam

Quem sou Eu.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010


IMPRESSÕES

...olho e contemplo muitas coisas em questão de segundos. Centenas de carros que quase parados se amontoam na Marginal Pinheiros. São mais de 19h30 e ouço o som de um samba na voz de Johny Alf, um dos precursores da Bossa Nova no Brasil, em uma homenagem a ele um dia após a sua morte.

As impressões são estranhas porque muitas vezes não pensamos nelas. Então mudo o foco da minha visão e me concentro na vidraça e vejo nela o reflexo de um homem com uma camisa vermelha com listras finas e brancas na horizontal, calça jeans e uma mochila nas costas. Seu olhar de cansaço fica ainda mais aparente por causa da barba por fazer. Penso comigo se ele é feliz, se está cansado, voltando do trabalho ou indo à escola ou faculdade. Ele olha para a mesma direção que eu e até parece me encarar, então mudo o foco novamente da minha visão e vejo que estamos em um ritmo bastante acelerado enquanto tudo está parado lá fora. Aos poucos nós paramos também.

Passados uns minutos começamos a nos movimentar novamente e começo a pensar nas sensações e sinto o frio do metal em que estou segurando, o som que ouço me é agradável porque escolhi o que ouvir, e não é som de buzinas ou freadas, muito menos, o som das conversas paralelas das pessoas à minha volta, o som que ouço é da música “Corcovado” na versão de Johny Alf quando ele se apresentou na casa de shows Bourbon Street.

A sensação do som, do tato e da visão e também do mal cheiro que sinto do Rio Pinheiros levaram-me a escrever estas linhas porque cada uma delas me fazem pensar em coisas diferentes. Por exemplo, volto o olhar várias vezes para a vidraça e faço uma comparação àquilo que vemos todos os dias e pensamos nelas por alguns minutos, então é só mudar o foco e o pensamento muda, as direções mudam e até os objetivos mudam. Somos assim, porque toda vez que olhava para aquele homem voltava a pensar o porquê daquela “cara” de infeliz ou cansado. Quando voltava meu olhar para a parte exterior do meu ambiente, meu pensamento via o caos e ao mesmo tempo fazia a correlação dos ritmos interiores, que em mim surtiam algum efeito por causa da música que tocava, com o ritmo exterior do mundo. Parecia que somente a música e o ambiente em que eu estava possuíam um andamento rítmico constante.

Interessante as sensações provocadas em nós quando passamos a reparar nelas e ocupar nosso pensamento com elas. Talvez não passe daqui neste comentário porque foram apenas quinze minutos que passei a pensar nisto enquanto estava a caminho da faculdade em um trem que me deixaria logo em seguida na estação Hebraica – Rebouças, próxima a Pinheiros.



quarta-feira, 12 de maio de 2010


O PERSEGUIDO

Eu não estava presente na aula

Foi um amigo quem me contou

A história que se passa

É mais ou menos assim:

Inicio de semestre

Matrículas trocadas pelo Jupiter Web

Entro na sala e vejo um professor desconhecido

Não era esse que eu queria meu Jupiter querido

Mas temos que encarar e de cara o professor bate na mesa e diz:

Em Literatura Portuguesa quem não ler tais autores não tem o que fazer aqui.

Tentei me esconder na primeira fileira

Mas o seu olhar me causou uma tremedeira

E a cada dia seu olhar me perseguia

Até mudei de carteira, fui para o fundo da sala

Mas parece que nada adiantava

Seu olhar me perseguia até no trabalho

Na mesa com os amigos, no jogo de baralho,

Sempre havia alguém que me olhava igual

Parecia uma neurose animal

Mas sabia que estava sendo perseguido

Não dormia mais, pensando na nota final

Não era um aluno brilhante

mas havia passado com cinco as outras quatro

então no dia da prova me deu um branco

não sabia se falava de Camilo ou de Castelo Branco

então chegou o dia de saber a nota

não imaginei qual seria a minha reação

tirei três, nota suficiente para a recuperação

mas eu havia lido tudo

e sabia que o professor me observava muito

falava pouco, escrevia até as vírgulas

para não dar motivo para dúvidas

mas aquele olhar até no dia da prova

foi o suficiente para subtrair minha nota

então na aula seguinte de revisão

para a prova de recuperação

não aguentei e dirigi-me a ele

diante de todos os alunos

indignado disse: “Isso é um absurdo!”

todos se assustaram com o aluno mudo

que de repente falava sem deixar o professor lhe roubar o turno

e quando finalmente disse que havia sido perseguido

todo o semestre desde a matrícula no Jupiter Web

O professor olhou-me com um olhar discreto e perguntou:

Filho, quem é você?

E’mud’esci até o profundo de mim...

sexta-feira, 30 de abril de 2010


SEMEANDO NO TEMPO

O tempo é uma das coisas mais preciosas que temos. E como diria o poeta “a vida é como o vento que passa pelo tempo”. Sendo assim, temos que aproveitá-la ao máximo. Mas como fazê-lo? A maioria das pessoas acredita que a melhor maneira de se aproveitar a vida é curtir as baladas, as festas e ficar de porre de tal forma que não se lembre do que ocorreu no dia anterior. Tal como descreve o filme “Se beber não case” em que os três amigos acordam e não se lembram do que ocorreu no dia anterior em Las Vegas e nem sabem onde está o noivo. Será mesmo essa a melhor forma de se aproveitar a vida?

Muitas vezes ouvimos ou lemos coisas, mas não damos a mínima importância a elas. Não importa quem o diga ou o tenha escrito, deve-se sempre analisar tudo e guardar o que é bom para nós. É como carregar duas sacolas, uma furada para colocar as coisas ruins e outra boa que carregamos com o que é bom para toda a vida. Mas às vezes invertemos os valores e guardamos o que é ruim na sacola boa e descartamos na furada o que é bom acarretando sobre nós as consequências desta escolha. O que estou compartilhando nestas linhas é apenas um pouco do que aprendi nesta vida e procuro levar comigo no dia-a-dia. Dessa forma, a nossa escolha é determinante para o nosso futuro.

Não há como falar de escolha, sem falar de semeadura. Um velho sábio ensinou ao seu filho o valor dessa palavra. Quando li esta história, logo percebi a importância dela para a minha vida. Na história estavam pai e filho na beira da estrada chupando laranjas. Quando terminaram o pai plantou na beira da estrada as sementes e o filho perguntou o por que daquilo se ele nem sabia se retornaria àquele lugar novamente. Então o velho pai serenamente lhe respondeu que na vida devemos plantar boas semente, ainda que não venhamos estar lá para a colheita. Naquele momento o filho não entendeu muita coisa porque não havia nele maturidade suficiente para entender mas guardou consigo aquelas palavras e hoje elas são muito importantes em sua vida.

Pensando nesta história recordei-me de uma outra que li e diz sobre os questionamentos da sociedade moderna. Questiona-se muito sobre que “mundo” estamos deixando para os nossos filhos, enquanto o escritor o inverte e questiona que “filhos” estamos deixando para o nosso mundo. Na primeira questão o pensamento é individual, egocêntrico, enquanto na segunda o pensamento nos leva para o coletivo porque relaciona-se com a questão de semear. Os filhos são uma semente que deixamos no mundo. Portanto se semearmos bem teremos um mundo melhor porque é o mundo que depende das pessoas e não as pessoas do mundo. Dessa forma, temos que pensar que para semearmos dependemos exclusivamente do tempo.

Assim retornamos para um dos questionamentos do primeiro parágrafo: “como devemos aproveitar a vida?” Sendo ela como a flor que dá na primavera e no outono já não está lá, o que devemos fazer com o pouco de tempo que temos? Porque se pensarmos somente em nós e não fizermos nada que seja frutífero, que filhos o nosso mundo terá, como será a nossa sociedade? Teremos realmente aproveitado bem a vida? Bom, estas são respostas que não tenho, então deixo-as para vocês responderem quando refletirem sobre que tipo de sementes tem plantado ainda que não fiquem para a colheita.


sexta-feira, 23 de abril de 2010

Meu reflexo


Eu sou o eu que vem de fora

Que não se conforma

Com as coisas que se veem.

Grito para o mundo ouvir

Tudo o que penso

Não ligo para o “bom-senso”

Daqueles que não o querem

E assim escrevo de uma forma diferente

Pondo às “caras” o aparente

Reflexo de espelho

Miro onde vejo

Para que você veja

Com muita clareza

O sentido do meu poema.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

SUPER AÇÃO

Resolvi escrever sobre este assunto que muito me interessa. Então para despertar também o seu interesse, caro leitor, dialogo contigo nestas linhas aquilo em que tenho um pouco de experiência. Sei que ainda me falta muito a superar, mas vou começar porque realmente percebi que na vida “é tudo ou nada”...

Há momentos em que é preciso mudar. Porém é necessário decidir lutar. Daí surgem as negativas. Sejam as dificuldades para se alcançar os objetivos, ou mesmo pessoas que com palavras tentam nos desanimar para nos impedir de continuar. Estas são como ondas contrárias num bravio mar que nos impelem contra o outro lado, lá onde a vitória está.

No entanto, é preciso remar, e ainda que pareça um recuo, às vezes é preciso encontrar uma nova rota para alcançar o objetivo. Esse passa a ser o momento da “Superação”. Palavra derivada de “superar” que segundo os dicionários significa: vencer, ultrapassar, passar além, etecetera. Tendo em mente estes significados, prefiro brincar com essa palavra e desmembrá-la, tornando-a duas: super e ação.

Passo então, sem necessidade para este novo parágrafo porque quero me estender um pouco nesta análise. Fique claro que isto não é uma teoria científica e nada aqui é comprovado, senão a minha experiência neste assunto. Então, retomando a palavra “super” que em nossa língua está presente como prefixo em várias palavras dando a elas um significado de: extra, além de; o que para nós tem um significado fundamental. Super é algo que está além de nossas forças e super ação, é agir com tudo o que temos, ou como outros diriam “além do que podemos”. Este “além do que podemos” é, nada mais, segundo ouvi certa vez e com a qual concordo, “os cinqüenta por cento de reserva que temos quando dizemos que não suportamos mais qualquer situação. É neste momento em que temos de crescer e descobrir a força real que há em nós. É como um maratonista que dá tudo de si para conquistar e linha de chegada, seja ele o primeiro, ou o último. Porque cada um de nós tem um ritmo, o que não é aceitável é ficarmos parados esperando a linha chegar até nós.

Se descobrirmos a força real que temos não há nada que seja capaz de parar-nos. Porque sem titubear enfrentamos os ventos, as ondas, escalamos montanhas, e quando surgem as palavras negativas elas servem como uma alavanca que nos ajuda a acreditar com mais convicção que somos capazes. Porque se analisarmos, somente há oposição quando queremos conquistar o que é bom, quanto ao que é mau, ruim, é como descer ladeira abaixo.

Por esta razão é que quando alcançamos o desejado, o nosso sentimento é inenarrável porque superamos os problemas junto com as opiniões adjacentes e deixamos boquiabertos os que não crêem nem mesmo em si. Poderia complementar este escrito com vários outros exemplos, mas para finalizar deixo-vos este pequeno poema:

Quem persiste em busca de algo

Alcança a vitória.

Quem desiste no meio da luta

Aceita a derrota.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Perverso sentimento que mata

Que apodrece a alma

De quem o possui.

Não se contenta com nada

E o sorriso dos outros estraga

Seu dia de luz.


Com seu olhar gordo

Deseja o que é dos outros

Mas nada tem.


E a língua afiada

Destrói, denigre, degrada

Qualquer alguém.

Apunhala com um sorriso

Ao que pensa: somos amigos

E nem a esse tem.


E como a traça

Nada lhe traz proveito

Porque corrói

O que não lhe é de direito.


Por isso...

...quando estiver só

Lhe restará apenas...

"... o pó..."

ADÁGIO


Por que prezar os defeitos

E não as qualidades?

Aproveita um ensejo

E anule-os com benignidade.


Pois quem as virtudes atina

Quase nunca sofre.

Contudo quem vê defeitos na vida

Torna-se aflito e morre.


Todavia capacita-te com a bondade,

Admira no próximo, qualidades

E cultivarás o amor.


Porém tu oh! Néscio que só vê defeitos,

Tornar-te-ás um malfazejo

E colherás a dor.



terça-feira, 23 de março de 2010











ESSÊNCIA DO SER


Estou com sede.

Bebo uma água de côco.

Deito-me na rede

e durmo um pouco.

Daí, tenho um pesadelo

em que não havia

mais água de côco.

Desesperado!!!

Grito feito louco:

“Onde estão as águas perto do estaleiro?”

Tudo era deserto,

não havia um regato

Tudo era incerto,

onde estavam os riachos?

Não queria águas limpas,

[apenas sujas]

Muito menos cristalinas,

[as queria turvas]

E o que queria mais

era matar minha sede

Nestes minutos

que pareciam meses.

Comecei a lembrar-me do macaréu

que no Amazonas traz consigo a pororoca.

E das águas que refletiam o céu

nos mares onde viviam as focas.

Começava a implorar

pelas águas do Mar Morto

Tiraria destas o sal

e as beberia um pouco

Lembrei-me do Tietê

que mesmo poluído,

o teria coragem de beber

embora fosse um corrompido fluido.

Minha vida se esvaia

e todos os sentidos eu perdia,

entretanto como morreria???

Decerto pensando...

Nos extraordinários desperdícios

que para os homens já se tornou um vicio

Ou nos homens que matam seus filhos

apenas para jogar seus poluentes nos rios

Certamente não morreríamos

num deserto sem águas

e, sim, de águas impotáveis

E com nuvens de chuvas ácidas.

Enfim, morreríamos num deserto molhado

onde sonho acordado

e tenho um pesadelo

[dos meus dias contados...]

quinta-feira, 18 de março de 2010

EPITAFIO



Aqui jaz...

...a destra que não escreveu

Nenhures suas eruditas palavras

Todavia o mundo conheceu

Sua vida e longa jornada

Seus preceitos converteram o mundo

E todos os que os ouvem

São transfigurados num segundo

“Que descanse em paz”.

................................................................

Não obstante...

... a este epitáfio cancelou

Quando na cruz

Foi afligido sob a luz

(do Sol)

Pelos inumeráveis pecados

E após tudo haver consumado

Ao crepúsculo foi embalsamado

E sob nênias inumado

Porém, ao terceiro dia:

“Ressuscitou!!!”.


CHÃO DO SERTÃO



Há cem anos tenho fome

Paro. Penso... sinto o vento

Que leva minha terra[,] seca

Onde só há lamento.[.]

Crianças me pisam

Descalças, desamparadas

Às portas[.] de suas casinhas de taipa.

Seus olhares[?] refletem

O desprezo, a desolação

A esperança[?] para elas

Talvez seja[!] a única solução

Porém, até quando?

Se cá, no Brasil

Eles só falam em reforma agrária,

Distribuição de terras.[,]

E depois que o mandato acaba

Tudo não passa de mais promessas.[.]

Sendo assim...

...a vida neste chão nordestino

Continua fria, dura, sem sorrisos[.]

E, se a morte pegá-los dormindo

Ninguém se importa, “é o destino”.[.]

Contudo como se livrarão?

Da desnutrição[,] infantil

Da sede[,] de cultura

E da fome[?] de letras?

Até porque, como se pode[?]

Aprender tendo fome, e

Vencer sem ter nome?

A estes, o que resta de lindo

É o céu[,]

E a esperança de que gerações futuras

Não sejam deixadas ao léu[.]

Quando este dia chegar

Aqui estarei

Para contar[?] sobre um mundo mais justo[,]

Onde não mais haverá

Por meio da fome[,]

Aos sertanejos, “o luto”. [?]


PS. É necessário realizar duas leituras desse poema. Na primeira, uma leitura completa com as pontuações originais. Na segunda, uma leitura apenas com as palavras sublinhadas e as pontuações entre colchetes. Tenha uma boa leitura...

segunda-feira, 8 de março de 2010

OLHARES COMPLEXOS



Com um olhar convexo
Vejo um mundo complexo.
Mas que me importa?
Estou vendo uma torta
Na vitrine da padaria
Ora, quem me dera um dia
Ou quem sabe o que eu daria
Pra provar essa regalia.
Então, peço uma esmola
e alguém me olha
com um olhar carrancudo.
Eu apenas percebo
Porque sou surdo.
E fico a pensar moribundo
Sobre os olhares inibidores
Que me causam certas dores.
Esses olhares que me inibem
Esses olhares que me dizem:
“Saia daqui, pegue sua sina
e vá morrer nas muralhas da China”.
Porém como posso me transportar?
Se nem mesmo tenho o meu lugar?
No mundo sou ignorado
E o meu lugar é a rua o chão.
Ninguém me dá por achado
Então, quem me estenderá a mão?
A visão de tudo é convexa
E a vida em si é complexa
Quem vem de longe
Só enxerga além do horizonte
Quem vem de perto
Não me recebe de braços abertos
Sendo assim, sou um rejeitado
E estarei sempre deitado
Nas calçadas, esquinas ou sarjetas,
Ou me verás, amigo,
Até mesmo numa gelada gaveta
Ou numa cova rasa
Com um palmo de mão
“Sem ter direito a um caixão!”