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quarta-feira, 12 de maio de 2010


O PERSEGUIDO

Eu não estava presente na aula

Foi um amigo quem me contou

A história que se passa

É mais ou menos assim:

Inicio de semestre

Matrículas trocadas pelo Jupiter Web

Entro na sala e vejo um professor desconhecido

Não era esse que eu queria meu Jupiter querido

Mas temos que encarar e de cara o professor bate na mesa e diz:

Em Literatura Portuguesa quem não ler tais autores não tem o que fazer aqui.

Tentei me esconder na primeira fileira

Mas o seu olhar me causou uma tremedeira

E a cada dia seu olhar me perseguia

Até mudei de carteira, fui para o fundo da sala

Mas parece que nada adiantava

Seu olhar me perseguia até no trabalho

Na mesa com os amigos, no jogo de baralho,

Sempre havia alguém que me olhava igual

Parecia uma neurose animal

Mas sabia que estava sendo perseguido

Não dormia mais, pensando na nota final

Não era um aluno brilhante

mas havia passado com cinco as outras quatro

então no dia da prova me deu um branco

não sabia se falava de Camilo ou de Castelo Branco

então chegou o dia de saber a nota

não imaginei qual seria a minha reação

tirei três, nota suficiente para a recuperação

mas eu havia lido tudo

e sabia que o professor me observava muito

falava pouco, escrevia até as vírgulas

para não dar motivo para dúvidas

mas aquele olhar até no dia da prova

foi o suficiente para subtrair minha nota

então na aula seguinte de revisão

para a prova de recuperação

não aguentei e dirigi-me a ele

diante de todos os alunos

indignado disse: “Isso é um absurdo!”

todos se assustaram com o aluno mudo

que de repente falava sem deixar o professor lhe roubar o turno

e quando finalmente disse que havia sido perseguido

todo o semestre desde a matrícula no Jupiter Web

O professor olhou-me com um olhar discreto e perguntou:

Filho, quem é você?

E’mud’esci até o profundo de mim...