ESSÊNCIA DO SER
Estou com sede.
Bebo uma água de côco.
Deito-me na rede
e durmo um pouco.
Daí, tenho um pesadelo
em que não havia
mais água de côco.
Desesperado!!!
Grito feito louco:
“Onde estão as águas perto do estaleiro?”
Tudo era deserto,
não havia um regato
Tudo era incerto,
onde estavam os riachos?
Não queria águas limpas,
[apenas sujas]
Muito menos cristalinas,
[as queria turvas]
E o que queria mais
era matar minha sede
Nestes minutos
que pareciam meses.
Comecei a lembrar-me do macaréu
que no Amazonas traz consigo a pororoca.
E das águas que refletiam o céu
nos mares onde viviam as focas.
Começava a implorar
pelas águas do Mar Morto
Tiraria destas o sal
e as beberia um pouco
Lembrei-me do Tietê
que mesmo poluído,
o teria coragem de beber
embora fosse um corrompido fluido.
Minha vida se esvaia
e todos os sentidos eu perdia,
entretanto como morreria???
Decerto pensando...
Nos extraordinários desperdícios
que para os homens já se tornou um vicio
Ou nos homens que matam seus filhos
apenas para jogar seus poluentes nos rios
Certamente não morreríamos
num deserto sem águas
e, sim, de águas impotáveis
E com nuvens de chuvas ácidas.
Enfim, morreríamos num deserto molhado
onde sonho acordado
e tenho um pesadelo
[dos meus dias contados...]