Estou em uma louca perseguição por um prédio desconhecido. Homens de preto me perseguem. Corro por várias escadas que parecem não ter fim. Esquivo-me de um deles e chego a um andar vazio. Há uma porta de vidro. Passo por ela, encontro uma passagem estreita que dá acesso a outras escadas sem acabamento. Desço por elas até chegar ao fim. Pela quantidade de escadas que eu havia descido, sabia que estava no terceiro andar. Ali havia um envelope que revelava o que sou.
O local em que estou é um prédio de alguma Cia privada com várias escadas, algumas por terminar e com difícil acesso. É por essa que escapo e chego ao final de uma das escadas que não tem mais continuidade. Encontro o envelope neste lugar que explica o que sou: um ser híbrido, criado em laboratório com uma memória de uma vida inventada. No entanto, vivo-a intensamente com minha esposa e meus filhos. Lembro-me que estou no mestrado na USP.
Quando encontro esse envelope que explica a minha existência, desisto de tudo e decido me entregar. Desço até a recepção da empresa e explico o que fui fazer ali. A recepcionista me entregou um pequeno formulário com a data e as instruções de minha partida, ou melhor, meu fim. Quando o leio, bate um arrependimento, pois me lembro da minha vida, de minha família e de tudo o que estou conquistando com muito suor e lágrimas e fico muito triste por ter que partir e deixar tudo para trás.
Então olho e vejo que o presidente da República está ao meu lado. Explico-lhe tudo o que tenho passado, as perseguições, as fugas, como também sobre a família que constituí e amo que me ajudou a conquistar tudo o que tenho. Contei-lhe ainda sobre o meu mestrado que com muito custo consegui aceitação, como também sobre a importância do assunto pesquisado que ficaria por terminar. Pedi-lhe ajuda, se não conhecia alguma forma que evitasse que me desfizessem, já que estava com meus dias contados. Ele pediu para alguém que estava próximo a nós um pedaço de papel e uma caneta, estávamos em meio a muitas pessoas sentadas na rua, como se estivéssemos em frente à igreja do meu amigo Rafael. Uma mulher afrodescendente aproximou-se, entregando-lhe a caneta e um pedaço minúsculo de papel em que o presidente escreveu o número de uma lei e o nome de um deputado que a havia desenvolvido.
Essa lei me dava o direito a continuar vivo, pois éramos considerados cidadãos com os mesmos direitos. Ele falou em baixo tom, somente para que eu ouvisse, mas não me lembro o nome do dito deputado, só sei que a lei era 13.789/ alguma coisa...; realmente não consigo me lembrar, mas sabia que havia surgido um fio de esperança e que eu deveria procurar o tal deputado para receber as orientações de como proceder.
Eu estava disposto a lutar com todas as minhas forças para não ser dissolvido no tempo e no espaço, como se minha existência não tivesse valor. A luta seria ferrenha a partir desse momento. Mas primeiro eu precisaria me esconder para não ser levado à força, afinal eu havia aceitado a minha sentença. Quando ainda estava pensando nesse assunto...
...acordei desse sonho estranho...