O PERSEGUIDO
Eu não estava presente na aula
Foi um amigo quem me contou
A história que se passa
É mais ou menos assim:
Inicio de semestre
Matrículas trocadas pelo Jupiter Web
Entro na sala e vejo um professor desconhecido
Não era esse que eu queria meu Jupiter querido
Mas temos que encarar e de cara o professor bate na mesa e diz:
Em Literatura Portuguesa quem não ler tais autores não tem o que fazer aqui.
Tentei me esconder na primeira fileira
Mas o seu olhar me causou uma tremedeira
E a cada dia seu olhar me perseguia
Até mudei de carteira, fui para o fundo da sala
Mas parece que nada adiantava
Seu olhar me perseguia até no trabalho
Na mesa com os amigos, no jogo de baralho,
Sempre havia alguém que me olhava igual
Parecia uma neurose animal
Mas sabia que estava sendo perseguido
Não dormia mais, pensando na nota final
Não era um aluno brilhante
mas havia passado com cinco as outras quatro
então no dia da prova me deu um branco
não sabia se falava de Camilo ou de Castelo Branco
então chegou o dia de saber a nota
não imaginei qual seria a minha reação
tirei três, nota suficiente para a recuperação
mas eu havia lido tudo
e sabia que o professor me observava muito
falava pouco, escrevia até as vírgulas
para não dar motivo para dúvidas
mas aquele olhar até no dia da prova
foi o suficiente para subtrair minha nota
então na aula seguinte de revisão
para a prova de recuperação
não aguentei e dirigi-me a ele
diante de todos os alunos
indignado disse: “Isso é um absurdo!”
todos se assustaram com o aluno mudo
que de repente falava sem deixar o professor lhe roubar o turno
e quando finalmente disse que havia sido perseguido
todo o semestre desde a matrícula no Jupiter Web
O professor olhou-me com um olhar discreto e perguntou:
Filho, quem é você?
E’mud’esci até o profundo de mim...