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terça-feira, 23 de setembro de 2025

Eu híbrido

Louca perseguição por um prédio desconhecido. Homens de preto me perseguem. Corro por várias escadas que parecem não ter fim. Esquivo-me de um deles e chego a um andar vazio. Há uma porta de vidro. Passo por ela, encontro uma passagem estreita que dá acesso a outras escadas sem acabamento. Desço por elas até chegar ao fim. Pelo quantidade de escadas que havia descido, sabia que estava no terceiro andar. Ali há um envelope que revela o que sou.

O local em que estou é prédio de alguma Cia privada com várias escadas, algumas por terminar e com difícil acesso por onde escapo e chego ao final de uma das escadas que não tem continuidade. Encontro um envelope neste lugar que explica o que sou, um ser híbrido, criado em laboratório com uma memória de uma vida inventada, mas que vivo-a intensamente com minha esposa e meus filhos. Estou no mestrado na USP.

Quando encontro esse envelope que explica a minha existência, desisto e decido me entregar. Desço até a recepção da empresa e explico o que fui fazer ali. A recepcionista me entrega um pequeno formulário com a data e as instruções de minha partida, ou melhor, meu fim. Quando o leio, bate um arrependimento, pois me lembro da minha vida, de minha família e de tudo o que estou conquistando com muito suor e lágrimas e fico muito triste por ter que partir e deixar tudo para trás.

Então olho e vejo que o presidente da República está ao meu lado. Explico-lhe tudo o que tenho passado, as perseguições, as fugas, como também a família que tenho e amo que me ajudou a conquistar tudo o que tenho. Contei-lhe ainda sobre o meu mestrado que com muito custo consegui aceitação e sobre o assunto que estava pesquisando e sobre a importância dessa pesquisa que ficaria por terminar. Pedi-lhe ajuda, se não conhecia nenhuma forma que evitasse que me desfizessem, já que estava com meus dias contados. Ele pediu para alguém que estava próximo a nós um pedaço de papel e uma caneta, estávamos em meio a muitas pessoas sentadas na rua, como se estivéssemos em frente a igreja do meu amigo Rafael. Uma mulher afrodescendente aproximou-se, entregando-lhe a caneta e um pedaço minúsculo de papel em que o presidente escreveu o número de uma lei e o nome de um deputado que a havia desenvolvido.

Essa lei me dava o direito a continuar vivo, pois éramos considerados cidadãos com os mesmos direitos. Ele falou em baixo tom, somente para que eu ouvisse, mas não me lembro o nome dito, só sei que a lei para ia ser 13.789/...; realmente não consigo me lembrar, mas sabia que havia surgido um fio de esperança e que eu deveria procurar o tal deputado para receber orientações de como proceder.

Eu estava disposto a lutar com todas as minhas forças para não ser dissolvido no tempo e no espaço, como se minha existência não tivesse valor. A luta seria ferrenha a partir desse momento. Mas primeiro eu precisaria me esconder para não ser levado à força, afinal eu havia aceitado a minha sentença. Pensando nesse assunto, acordei desse sonho estranho...