O local em que estou é um prédio de alguma Cia Privada com várias escadas, algumas por terminar e com difícil acesso. É por essa que escapo e chego ao final de uma das escadas que não tem mais continuidade. Encontro o envelope neste lugar que explica o que sou: um ser híbrido, criado em laboratório com uma memória de uma vida inventada. No entanto, vivo-a intensamente com minha esposa e meus filhos. Lembro-me que estou no mestrado na USP.
Quando encontro esse envelope que explica a minha existência, desisto de tudo e decido me entregar. Desço até a recepção da empresa e explico o que fui fazer ali. A recepcionista me entregou um pequeno formulário com a data e as instruções de minha partida, ou melhor, meu fim. Quando o leio, bate um arrependimento, pois me lembro da minha vida, de minha família, de tudo o que estou conquistando com muito suor e lágrimas e fico muito triste por ter que partir e deixar tudo para trás.
De repente, encontro-me sentado à calçada, olho para o lado e vejo que o presidente da República está ao meu lado. Explico-lhe tudo o que tenho passado, as perseguições, as fugas, como também sobre a família que constituí e amo que me ajudou a conquistar tudo o que tenho. Contei-lhe, não só, sobre o meu mestrado que com muito custo consegui aceitação, mas também sobre a importância do assunto pesquisado que ficaria por terminar. Pedi-lhe ajuda, se não conhecia alguma forma que evitasse que me desfizessem, já que estava com meus dias contados. Então, ele pediu para alguém que estava próximo a nós um pedaço de papel e uma caneta, estávamos em meio a muitas pessoas sentadas na rua, como se estivéssemos em frente à igreja do meu amigo Rafael. Uma mulher afrodescendente aproximou-se, entregando-lhe a caneta e um pedaço minúsculo de papel em que o presidente escreveu o número de uma lei e o nome de um deputado que a havia desenvolvido.
Essa lei me dava o direito a continuar vivo, pois éramos considerados cidadãos com os mesmos direitos. Ele falou em baixo tom, somente para que eu ouvisse, mas não me lembro o nome do dito deputado, só sei que a lei era 13.789/alguma coisa...; realmente não consigo me lembrar, mas sabia que havia surgido um fio de esperança e que eu deveria procurar o tal deputado para receber as orientações de como proceder.
Eu estava disposto a lutar com todas as minhas forças para não ser dissolvido no tempo e no espaço, como se minha existência não tivesse valor. A luta seria ferrenha a partir desse momento. Mas primeiro eu precisaria me esconder para não ser levado à força, afinal eu havia aceitado a minha sentença. Quando ainda estava pensando nesse assunto...
...acordei desse sonho estranho...




